O câncer de bexiga é um tumor maligno que se desenvolve no revestimento da bexiga chamado urotélio, sendo o quarto câncer mais comum em homens, e o nono mais comum no mundo. Afeta mais homens que mulheres, numa proporção de 3:1, e mais caucasianos. Estima-se que no Brasil sejam diagnosticados aproximadamente 5.000 novos casos ao ano.
Geralmente o tumor acontece após os 50 anos de idade. Os pacientes tabagistas ou ex-tabagistas representam 50-80% de todos os casos. Logo, o cigarro é o principal fator de risco. Alguns outros fatores como a exposição ocupacional ao petróleo, tintas, metais e corantes podem representar outros 10% dos casos. Em relação às questões genéticas, não existe associação comprovada até o momento, tampouco um dieta específica que aumente o risco.
A maioria dos pacientes apresenta, como primeiro sintoma, a hematúria (sangramento urinário). Outros sintomas, como a dor pélvica, o aumento da frequência miccional, a urgência miccional e a dor ao urinar podem também estar presentes.
Quando estes sintomas se manifestam, o urologista irá utilizar meios diagnósticos para auxiliar na identificação de um possível tumor de bexiga. Exames de urina, sangue e de imagem, como ecografia, tomografia ou ressonância vão ser muito úteis. Além disso, o exame que permite visualizar o interior da bexiga de modo a afastar tumores em formação chama-se cistoscopia. A cistoscopia é um exame realizado em caráter ambulatorial, com o paciente sedado, através da passagem de uma câmera que é introduzida pela uretra e que faz todo o escaneamento do interior da bexiga, permitindo também a realização de biópsias, quando necessário. Este exame tem uma sensibilidade de aproximadamente 90% no diagnóstico dos tumores de bexiga.
De posse do diagnóstico, o tratamento vai ser iniciado. Em geral, o primeiro passo do tratamento é a ressecção endoscópica do tumor vesical (RTUvesical). Um aparelho endoscópico com uma alça de eletrocautério permite que a remoção seja realizada através da uretra do paciente. Quando possível, o tumor como um todo é removido, além da região que fica na sua base, para demonstrar através da patologia o risco de infiltração desta neoplasia. O grau tumoral e o potencial de infiltração no músculo da bexiga irão predizer os próximos passos e o risco do paciente necessitar de algum tratamento complementar.
Quando descoberto precocemente, os pacientes têm chances de sobrevida de 70-85% em dez anos. Em geral, esses tumores têm alta taxa de recorrência. Devido a isto, o paciente é submetido com frequência a exames para acompanhamento visando o diagnóstico precoce da doença que recidiva.
As terapias complementares, além da RTU vesical, são a aplicação de agentes imunológicos ou quimioterápicos no interior da bexiga; a realização de quimioterapia sistêmica e radioterapia; a cistoprostatectomia radical, que é a retirada completar da bexiga e de estruturas adjacentes. Estas terapias vão depender da condição de cada paciente, sua idade, suas doenças e, sobretudo, do tipo de neoplasia com a qual estamos lidando.
REFERÊNCIAS
1 – Emil A. Tanagho, Jack W. McAninch. Urologia Geral de Smith. Manole, 2007
2 – Flávio E. T. Rocha, Armando S. Abrantes, André L F Tomé. Manuel de Urologia de Consultório. SBU-SP. Planmark, 2018.
3 – Alan W. Partin; Alan J. Wein; Louis R. Kavoussi; Craig A. Peters. Campbell-Walsh Urology 11th Edition. Elsevier, 2016
Tratamento anterior
CÂNCER DE PRÓSTATAPróximo tratamento
CÂNCER DE RIM