A maioria dos pacientes do consultório já possuem uma noção da necessidade de iniciar, em alguma fase da vida, a investigação para a neoplasia de próstata. São constantes as campanhas de conscientização, como o Novembro Azul, que dizem respeito à visita precoce ao Urologista com a finalidade de tentar diagnosticar precocemente o tumor mais frequente do homem.
Sabe-se que aproximadamente 68.000 homens são diagnosticados com câncer de próstata no Brasil todo ano. Entre os homens, 1 em cada 7 (15,3%) será diagnosticado com câncer de próstata e 1 em 38 (2,6% dos homens) morrerá em decorrência dessa doença. (Brawley et al ,2012).
A incidência do câncer de próstata cresceu consideravelmente entre 1987 e 1992 após a introdução do PSA (antígeno prostático específico). Graças ao maior número de homens com diagnóstico precoce, após 1991 ocorreram declínios contínuos na mortalidade por câncer de próstata com uma queda média de 4,1% ao ano. Para entender como funciona a doença e as principais orientações que o Urologista segue, abaixo temos algumas perguntas fundamentais.
Quando a preocupação é o câncer de próstata, sabemos que dificilmente o homem com a doença vai sentir algo antes do diagnóstico. A grande maioria dos pacientes têm o diagnóstico confirmado sem sentir nada. Para isso, a indicação é de que visite o urologista TODO HOMEM ACIMA DOS 50 ANOS e APÓS OS 45 ANOS PARA OS AFRO-DESCENDENTES OU QUE TÊM FAMILIAR COM HISTÓRIA DE CÂNCER DE PRÓSTATA.
Se levarmos em consideração que os fatores idade, raça e história familiar não são alteráveis, devemos focar em estratégias de perda de peso, alimentação saudável e pausa do tabagismo.
A busca pelo urologista tem como intuito principal o diagnóstico precoce da doença e a possibilidade de tratamento rápido.
A doença é silenciosa. Dificilmente vejo no consultório um homem com sintomas do câncer de próstata, apesar dos inúmeros diagnósticos que faço anualmente. Quando ocorrem sangramento, dificuldade miccional, dor pélvica e dor nos ossos, a doença pode estar avançada. Neste estágio, o tratamento pode não ser curativo. Por isso, é importante diagnosticar o câncer de próstata antes dos sintomas aparecerem.
Após a avaliação através do PSA e do toque retal, podemos utilizar ferramentas para concluir ou afastar o diagnóstico. A biópsia da próstata retira vários fragmentos da glândula. A ressonância multiparamétrica da próstata é uma ótima ferramenta auxiliar quando temos dúvidas e pode ser útil também no planejamento da cirurgia.
Sim. Cerca de 85 % dos tumores de próstata crescem na região denominada zona periférica da próstata. Por sorte, é a área que fica em contato com a região retal do homem, o que facilita o exame. O exame é feito durante a consulta e dura cerca de 5 segundos, sendo muito pouco desconfortável.
O primeiro passo após o diagnóstico é identificar o grau da doença e a sua localização. Ou seja, verificar se a doença encontra-se restrita à próstata ou já se apresenta em outras áreas, como os linfonodos (gânglios) ou os ossos. Os próximos passos dizem respeito à escolha do melhor método de tratamento.
Não. O tipo mais comum chama-se adenocarcinoma de próstata. Dentro deste subtipo de câncer de próstata, existem múltiplas variações. Alguns pouquíssimo agressivos e outros que poderão levar o paciente a óbito muito rápido. Devido a esta variabilidade da doença, o tratamento é individualizado e será discutido no consultório aliando a experiência do urologista com a expectativa do paciente.
Há evidências sólidas sugerindo que o diagnóstico precoce pelo teste do PSA e o tratamento imediato, efetivo e de alta qualidade salvam vidas. Graças ao tratamento eficaz e moderno, apenas cerca de 16% dos homens diagnosticados com câncer de próstata morrem pela doença. Ocorrem variações em relação à expectativa de vida dependendo da idade, da condição do paciente, do grau da doença, da sua limitação ou não à glândula prostática, do nível de PSA, dentre outros fatores.
Uma atenção especial a este tópico é dado no post que aborda as opções cirúrgicas no tratamento do câncer de próstata (prostatectomia robótica e laparoscópica). Quando o paciente é diagnosticado precocemente, quando a doença esta confinada à próstata e o biotipo do paciente é favorável, a principal forma de tratamento em relação a eficácia e chance de controle da doença é cirúrgica. No entanto, pode-se optar pelo tratamento através da radioterapia, associada ou não ao uso de medicações para o bloqueio hormonal masculino. Geralmente a quimioterapia ou a imunoterapia são discutidas em conjunto com médicos oncologistas para os pacientes com doenças mais avançadas.
O conceito de vigilância ativa surgiu mais recentemente e hoje existem inúmeros estudos mostrando o acompanhamento de pacientes com câncer de próstata de forma ativa, porém sem intervenção cirúrgica ou radioterápica. Os pacientes que têm doenças menos agressivas, com escores anatomopatológicos Gleason 6, com poucos fragmentos acometidos e com baixa extensão da doença nos exames adicionais, podem ser candidatos à vigilância ativa, sem prejuízo na expectativa de vida. Este conceito é discutido em consulta sempre que a doença do paciente permitir.
REFERÊNCIAS
1 – PROSTATE CANCER. Guideline da Sociedade Européia de Urologia. Acesso em https://uroweb.org/guidelines/prostate-cancer
2 – PROSTATA CANCER EARLY DETECTION. Guideline da Sociedade Americana de Urologia. Acesso em https://www.auanet.org/guidelines-and-quality/guidelines/prostate-cancer-early-detection-guideline
3 – Alan W. Partin; Alan J. Wein; Louis R. Kavoussi; Craig A. Peters. Campbell-Walsh Urology 11th Edition. Elsevier, 2016
4 – Flávio T. Rocha. MANUAL DE UROLOGIA DE CONSULTÓRIO – SBU; 2018
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