O rim é um órgão localizado na região posterior do abdome, atrás dos intestinos e ao lado dos grandes vasos sanguíneos abdominais. Devido à sua localização, a maioria das massas que se desenvolvem nos rins são assintomáticas e não são facilmente sentidas. Por isso, mais de 60% dos casos de câncer de rim são diagnosticados ao acaso, através de exames de imagem utilizados com outras finalidades, na maioria das vezes.
Em alguns casos, no entanto, o paciente pode sentir um aumento de volume da região lombar, dor local e sangramento na urina (hematúria). Antes do advento da ecografia e da tomografia, muitos pacientes eram diagnosticados através destes sintomas e, a maioria, em estágio mais avançado do que atualmente.
O câncer de células renais representa 2-3% de todos os tumores do adulto e é a neoplasia urológica mais letal. Sabe-se que as taxas de sobrevida em 5 anos após o diagnóstico é de 71% para o câncer de rim, 78% para o câncer de bexiga e 99% para o câncer de próstata. Os homens têm predomínio sobre as mulheres no número de casos (3:2) e a doença aparece mais frequentemente entre os 50 e os 70 anos de idade. Alguns fatores de risco são conhecidos e exigem mais atenção, como o tabagismo, a obesidade, a hipertensão arterial sistêmica, a doença renal crônica, a doença policística renal e o histórico de câncer de rim na família. O aumento da prevalência da obesidade provavelmente contribui com a maior incidência de carcinoma renal em países ocidentais, sendo que as estimativas são de que 40% dos casos nos Estados Unidos estejam relacionados à obesidade.
O diagnóstico é feito através de exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética do abdome. As caraterísticas dos nódulos renais nos exames levantam a suspeita. Quando isto acontece, o urologista prossegue a investigação e julga, em conjunto com o paciente, a necessidade de remoção da doença.
Quando ocorre suspeita de que um nódulo renal é maligno, na maioria das vezes optamos pela remoção do nódulo com a tentativa de poupar ao máximo a parte funcionante do rim. Este tratamento mostrou ser a melhor forma de ter um diagnóstico adequado ao mesmo tempo que possibilita um tratamento efetivo e mais segurança para a função renal do paciente.
O diagnóstico definitivo somente é feito através da análise histopatológica (a biópsia) do tumor removido. Para tanto, optamos por uma dentre as opções cirúrgicas disponíveis: a cirurgia robótica, a cirurgia laparoscópica ou a cirurgia aberta tradicional. Cada uma tem as suas particularidades e se adapta melhor em determinadas situações. A escolha da técnica é feita caso a caso, em conjunto com o paciente.
Os principais objetivos do tratamento cirúrgico são: a remoção completa do tumor com a preservação máxima do rim comprometido, quando possível; a utilização de tecnologia que maximize a visualização das estruturas, consiga remover a doença com segurança, minimize o risco de sangramento e de complicações e acelere a recuperação do paciente. Buscamos sempre a utilização de técnica minimamente invasiva, em especial a cirurgia robótica ou videolaparoscópica. Existem basicamente dois tipos de cirurgia: a retirada do tumor que preserva parte do rim ( nefrectomia parcial) e a retirada do tumor em conjunto com o rim (nefrectomia radical). Detalho os tipos de cada uma no POST – NEFRECTOMIA PARCIAL X NEFRECTOMIA RADICAL
Diversos são os tipos de tumores renais. O tipo maligno mais comum chama-se carcinoma de células claras ou carcinoma de células renais. No entanto, existem os carcinomas renais papilíferos, o carcinoma cromófobo, os sarcomas de rim, os linfomas de rim, os tumores metastáticos para o rim, o tumor de Wilms, dentre outros. Cada tipo de tumor se comporta de forma diferente e terá seu tratamento individualizado após a retirada. Alguns pacientes vão estar curados após a cirurgia, enquanto outros necessitarão de terapias complementares, como quimioterapia, imunoterapia ou terapia alvo. Isso significa que existem muitos tipos de câncer que se manifestam ou estão alojados no rim, mas as características de cada um são muito particulares.
O acompanhamento do paciente permite verificar qualquer complicação pós operatória, assim como verificar a função renal residual, os sinais de recorrência local ou metástases da doença. Para isso são determinados e seguidos protocolos que permitem fazer o acompanhamento de forma adequada com maiores chances no tratamento do paciente.
REFERÊNCIAS
1 -Renal Mass and Localized Renal Cancer. Guideline da Sociedade Americana de Urologia. Acesso em https://www.auanet.org/guidelines-and-quality/guidelines/renal-mass-and-localized-renal-cancer-evaluation-management-and-follow-up
2 – Renal Cell Carcinoma. Guideline da Sociedade Européia de Urologia. Acesso em https://uroweb.org/guidelines/renal-cell-carcinoma
3 – Alan W. Partin; Alan J. Wein; Louis R. Kavoussi; Craig A. Peters. Campbell-Walsh Urology 11th Edition. Elsevier, 2016
Tratamento anterior
CÂNCER DE BEXIGAPróximo tratamento
CÂNCER DE TESTÍCULO