O que é?
A hiperplasia prostática benigna (HPB) é um processo patológico que constitui uma das causas principais dos sintomas urinários masculinos. Caracteriza-se por um aumento no número de células epiteliais e estromais na área periuretral da próstata, resultando em um acúmulo celular.
Hiperplasia da próstata (HPB) produz sintomas de obstrução do fluxo urinário através da uretra, resultando em alterações compensatórias da função da bexiga. As alterações da função do músculo da bexiga induzidas pela obstrução levam ao desenvolvimento de aumento da freqüência miccional, urgência, aumento da freqüência urinária noturna, que acabam constituindo os sintomas mais comuns da HPB. Além disso, os sintomas ditos obstrutivos são muito comuns, como o jato fraco, o gotejamento ao final da micção, a hesitação ao jato inicial, o jato entrecortado e o esvaziamento incompleto da bexiga.
Uma próstata normal costuma ter um peso estimado ao exame de ecografia entre 25-35 gramas. Conforme ocorre o envelhecimento e o crescimento da próstata, este peso vai aumentando progressivamente em alguns homens, gerando alguns dos sintomas descritos acima.
O tamanho da próstata pode ser estimado através do exame do toque, pelo ultrassom transabdominal ou ainda pela ressonância magnética da próstata. A escolha vai depender do perfil do paciente, dos sintomas, da idade e do histórico de saúde. Além destes exames, que demonstram o tamanho da próstata e a característica da bexiga, o exame de urofluxometria ou urodinâmica podem avaliar o fluxo urinário e o funcionamento do trato urinário inferior que vai ser fundamental para auxiliar na escolha do tratamento. Em geral, todos os homens ao envelhecerem acabam tendo crescimento natural da glândula prostática. Em alguns, o crescimento é mais acelerado.
Além do histórico familiar ser um fator preditor forte no desenvolvimento da doença, os principais fatores de risco comprovados são o diabetes, a hipertensão arterial e a obesidade. Desta forma, os principais fatores de proteção são a atividade física regular, a perda de peso e o controle das doenças citadas acima.
A dificuldade total de iniciar a micção em associação com a sensação da bexiga cheia e dolorosa configura a retenção urinária aguda. Ela constitui, por vários motivos, uma das complicações mais significativas da HPB. O paciente necessita ser sondado para conseguir urinar e não causar prejuízo ao funcionamento dos rins.
A retenção é um evento temido da HPB, podendo trazer consequências sérias à saúde do paciente e também muitas limitações ao dia-a-dia. Na maioria das vezes a retenção demonstra uma evolução mais grave da doença, em geral devido ao atraso no reconhecimento dos sintomas e no início do tratamento. Algumas vezes ela é desencadeada por uma infecção prostática, distensão excessiva da bexiga, consumo de álcool, debilidade e repouso, cirurgias cardíacas, uso de medicamentos, dentro outros.
Os principais fatores de risco são o avanço da idade, o aumento do tamanho da próstata e níveis mais elevados de PSA. Uma parcela significativa dos homens com HPB e que apresentaram um episódio de retenção urinária aguda irão apresentar novos episódios. Aproximadamente 75% destes paciente irão necessitar de cirurgia para o tratamento da próstata. A retenção urinária é um sinal de que o tratamento da HPB já deveria ter iniciado.
Apesar de ser uma doença benigna, independente do desenvolvimento de câncer de próstata, a principais complicações são: aumento da taxa de mortalidade, especialmente nos pacientes mais idosos; infecção das vias urinárias; descompensação da bexiga; retenção urinária; formação de cálculos vesicais; sangramento (hematúria); incontinência urinária e deterioração das vias urinárias superiores (rins) resultando em necessidade de hemodiálise, por exemplo.
O tratamento depende de diversos pontos e vai ser conduzido pelo urologista em conjunto com as expectativas e necessidades do paciente. Como regra geral, os pacientes com sintomas mais leves, que descobrem a doença mais precocemente, e àqueles que não possuem complicações associadas iniciam com terapia comportamental ou medicamentosa. As principais classes de medicamentos disponíveis para o tratamento são os alfa-bloqueadores , inibidores da 5 alfa-redutase, os anti-muscarínicos, os Beta-3-agonistas, os inibidores da PDE5 e alguns fitoterápicos.
Àqueles pacientes com doenças mais avançadas, mais sintomáticos ou que não respondem bem às terapias clínicas são os candidatos à cirurgia. A ressecção endoscópica da próstata, a ressecção bipolar da próstata, o BipoLEP, o HoLEP, a cirurgia aberta e a a cirurgia robótica são as principais opções.
Discuto isto no post sobre RTU próstata e HOLEP
Referências
1 – Wein, Alan J.; Kavoussi, Louis R.; Partin, Alan W.; and Peters, Craig A., “Campbell-Walsh Urology: 4-Volume Set (11th Ed.)” (2016)
2 – Flávio T. Rocha. MANUAL DE UROLOGIA DE CONSULTÓRIO – SBU; 2018
Tratamento anterior
VASECTOMIAPróximo tratamento
UROGERIATRIA