A grande maioria dos homens vai enfrentar algum problema de ereção durante a vida. Atualmente, graças ao maior acesso à informação, os homens e os profissionais de saúde estão mais dispostos e confortáveis a conversar a respeito das questões que envolvem as desordens sexuais. Assim, é possível manter-se sexualmente ativo e bem com qualquer idade.
Os principais problemas sexuais do homem são:
– dificuldade para ter ou para manter a ereção durante a relação sexual
– falta de interesse sexual (redução de libido)
– ejaculação precoce
– ejaculação retardada ou retrógrada
– curvatura peniana (doença de Peyronie; curvatura congênita).
A ereção peniana é um fenômeno vascular que acontece no interior dos corpos cavernosos do pênis, que são estruturas tubulares que permitem o fluxo sanguíneo e o represamento deste sangue em determinados momentos. A ereção depende da integridade da estrutura dos corpos cavernosos, que são envoltos por musculatura lisa e tecido fibroso, além de revestimento vascular. A resposta erétil, no entanto, é uma combinação de estímulos neurológicos, hormonais e psíquicos. Portanto, há muitos fatores envolvidos em um processo de ereção.
Estima-se que 48% dos homens entre 40-70 anos sofram com algum grau de disfunção erétil, sendo que a disfunção erétil grave ou completa representa aproximadamente 5% aos 40 anos e 15% aos 70 anos.
Como dito anteriormente, muitos são os fatores que interferem na função erétil. Sabe-se que os principais fatores de risco que contribuem com o aparecimento ou a piora da função erétil são os seguintes:
– idade
– tabagismo
– diabetes melito
– hipertensão arterial – pressão alta
– doença cardiovascular – histórico de infarto agudo, acidente vascular cerebral, aneurisma
– dislipidemia (alteração de colesterol e triglicerídeos)
– sedentarismo (falta de exercícios físico)
– obesidade
– deficiência hormonal
– uso de medicamentos e drogas (antidepressivos, betabloqueadores; álcool, maconha, cocaína, dentre outros)
– psicogênico (ansiedade, depressão, problemas no relacionamento)
– apnéia do sono
– doenças reumatológicas (artrite, gota, espondilite anquilosante)
– cirurgias pélvicas (por exemplo – prostatectomia / colectomia).
– ansiedade de performance ( medo de acontecer novamente uma falha na ereção)
Perceba que alguns dos principais fatores estão relacionados às doenças cardiovasculares. Em essência, a disfunção erétil é muitas vezes um problema circulatório. Muitos homens com problemas circulatórios, risco de infarto agudo do miocárdio ou AVC, têm nos problemas de ereção um dos primeiros sintomas a se manifestar. Entender este conceito é fundamental durante a investigação do problema de ereção e no momento do tratamento. A falta de ereção pode ser o primeiro alerta percebido pelo homem em relação aos problemas futuros que pode enfrentar. Um estudo demonstra que após a manifestação do problema de ereção, 15% dos pacientes vão enfrentar um evento cardiovascular futuro nos próximos 7 anos.
A avaliação do homem com problema de ereção é realizada através de uma consulta detalhada, que leva em consideração o histórico de saúde, os hábitos de vida, o tipo de relacionamento que o paciente tem, dentre outros. Além disso, o Urologista busca reconhecer no paciente alguns dos fatores de risco citados acima, fazendo também a busca por problemas ocultos. Alguns sinais como o aparecimento súbito ou gradual, a presença ou não de ereções noturnas ou espontâneas, a experiência durante a masturbação, também são avaliados.
Parte da avaliação do paciente com disfunção erétil passa por exames laboratoriais, buscando sinais de alteração nas taxas de glicemia, colesterol, triglicerídeos, hormônios da tireóide, hormônios como a testosterona, vitaminas, PSA, dentre outros.
Além disso, exames que avaliam a circulação sanguínea peniana podem ser utilizados, como o teste de ereção fármaco-induzido e o ultrassom peniano.
Levando em consideração os fatores acima, além de aspectos do relacionamento, da cultura, da religião, dos fatores de estresse e trabalho, o Urologista irá propor o tratamento ao paciente.
Sempre vai fazer parte da orientação do paciente, em especial àqueles que possuem fatores de risco identificados. A busca por melhora na alimentação com finalidade de reduzir alimentos industrializados, ultraprocessados, gordurosos; a perda de peso e o ganho de massa muscular ou massa magra; o estímulo à atividade física regular, incentivando exercícios aeróbicos e de musculação; redução do stress e da ansiedade; melhora na qualidade do sono; redução ou parada no consumo de álcool, cigarro e outras drogas.
Todas estas mudanças podem ser graduais, mas vão fazer parte do tratamento quando o paciente busca qualidade de ereção e melhora da libido, em especial após os 50 anos de idade. Os hábitos ruins são cumulativos e, a longo prazo, a conta chega. Veja que estes fatores são modificáveis, dependem muito da vontade do paciente.
A principal classe medicamentosa utilizada se chama IPDE-5. Eles agem inibindo uma enzima chamada fosfodiesterase tipo 5, permitindo químicamente que os vasos sanguíneos penianos recebam e represem mais sangue. Isto permite que o homem atinja a ereção após o estímulo, ainda que esta medicação não aumente a libido.
Os medicamentos desta classe mostram-se eficazes em restabelecer a ereção em até 70% dos homens. São excelentes em auxiliar os pacientes com disfunção erétil onde o componente psicogênico predomina, e também naqueles pacientes onde as doenças prévias afetam os vasos sanguíneos, como o diabetes, a hipertensão e o tabagismo.
Os mais conhecidos medicamentos dentre os IPDE-5 são o sildenafil, ou tadalafil, e a lodenafila. Cada um possui características próprias e podem ser mais apropriados a um determinado tipo de paciente.
O sildenafil, popularmente conhecido como Viagra, por exemplo, deve ser tomado de estômago vazio com uma hora antecedência à relação sexual. Seus efeitos duram aproximadamente 4 horas, o que representa a capacidade do homem atingir uma ereção satisfatória se tiver estímulo sexual.
Já o tadalafil (Cialis, tada), é uma medicação mais moderna, com taxa de resposta mais rápida e efeito que pode durar até 36 horas e não precisa ser ingerido em jejum. Além da opção de uso conforme demanda, ou seja, antes da relação sexual, o tadalafil permite ser utilizado diariamente em dose mais baixa. Esta opção de tratamento mostra-se muito eficaz, com taxas de resposta que variam de 67%-81% dos pacientes em uso. Além disso, pode auxiliar no tratamento da hiperplasia prostática benigna.
Alguns efeitos colaterais são percebidos durante o uso destas medicações e dependem de cada paciente. Os mais comuns são dores de cabeça, vermelhidão no rosto, indigestão, congestão nasal, tontura.
Nem todo paciente pode utilizar estas medicações, por isso a avaliação médica é de extrema importância. Ressalta-se, em especial, a contra-indicação de uso para os pacientes que tenham dor torácica ou utilizem nitrato (isordil). Além disso, não são seguras em pacientes com tenham episódios recentes (menos de 6 meses) de infarto do miocárdio, AVC ou arritmia grave; além de não serem seguras em pacientes com alterações graves nos níveis de pressão arterial.
Realizar atividade sexual representa também uma atividade física. Logo, todo homem que vai iniciar o uso destas medicações deve estar apto a caminhar pelo menos 20 minutos ou subir 2 lances de escada em 10 segundos, exceto àqueles com problemas articulares.
Uma segunda opção medicamentosa conhecida e utilizada, ainda que em menor quantidade de pacientes, consiste na auto-aplicação de medicamentos no corpo cavernoso do pênis. Isto permite que os vasos sanguíneos do pênis sejam estimulados diretamente e expandidos para permitir a penetração. Esta ereção estimulada por injeção acontece sem a necessidade de estímulo sexual (diferente do que acontece com o uso dos IPDE-5).
A injeção necessita ser realizada inicialmente com auxílio de profissional, para indicar a formulação e a dose adequada.
Muitos homens se adaptam bem a este tipo de proposta de tratamento, ainda que tenham um pouco de dor no momento da aplicação. Outro possível efeito colateral indesejado é a ereção que não cede após um período de tempo, o que é conhecido como priapismo. Esta condição causa a falta de suprimento de oxigênio às células do pênis, podendo trazer muitas consequências.
A prótese peniana é uma opção de tratamento para os pacientes que não alcançam bons resultados com o uso das medidas indicadas acima. A prótese é um dispositivo implantado de forma cirúrgica que permite ao pênis manter-se ereto. Existem próteses ditas semi-rígidas e infláveis. As primeiras consistem em dois cilindros colocados nos corpos cavernosos do pênis que permanecem o tempo todo em ereção, sendo parcialmente maleáveis para torná-la mais discreta. A segunda opção permite que o implante do dispositivo seja feito de modo que o paciente decida o momento da ereção, bombeando um reservatório que fica dentro do corpo e que vai jogar líquido para dentro dos cilindros, permitindo a ereção.
É oferecida aos homens que possuem problemas de ereção ou libido e que tenham os níveis de testosterona abaixo dos níveis necessários. Não há benefício em seu uso quando os níveis sanguíneos são normais.
Nos homens com níveis baixos, ocorre redução de libido, disfunção erétil, redução de massa muscular, aumento de gordura corporal, osteoporose, aumento de risco cardíaco, aumento dos episódios de depressão.
Portanto, a reposição de testosterona é muito interessante quando o paciente tem indicação, devendo ser feita de forma correta e com acompanhamento de especialista na área. Ela permite que o homem consiga ter melhores ereções, mas também facilita que melhore seu desempenho físico e psicológico.
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