TRATAMENTO DE PEDRA NOS RINS E URETER
A composição e a localização dos cálculos no trato urinário são fundamentais para a melhor escolha terapêutica no seu tratamento.
As pedras são formadas por uma mistura de substâncias que interagem formando diversos componentes minerais. Cada paciente tende a desenvolver um tipo específico de mineral, sendo a maioria composto por oxalato de cálcio, fosfato de cálcio, ácido úrico, fosfato-magnésio-amônia, cistina, dentre outros.
Uma das grandes ferramentas no tratamento desta condição tão frequente é o ureteroscópio flexível. É um endoscópio muito fino que possui mecanismo de flexão e deflexão de até 270 graus, com excelente qualidade ótica, que permite acessar o ureter em toda a sua extensão e os cálices renais como um todo.
Os ureteroscópios flexíveis digitais disponíveis atualmente permitem a remoção por completo ou a fragmentação de cálculos maiores, seguidos pela remoção dos fragmentos com auxílio de pinças especiais. Diferente da litotripsia extracorpórea (LECO), para a ureterolitotripsia não importa a densidade da pedra (dureza), pois o laser será capaz de realizar a sua fragmentação em pedaços minúsculos. Aproximadamente 95% dos pacientes tratados com esta técnica terão a sua pedra removida, quando a pedra tiver até 2 cm.
O ureteroscópico flexível possui um canal por onde podem ser introduzidos, além da fibra do laser, pinças para remoção dos fragmentos menores. Ao final do procedimento, quando a fragmentação do cálculo é suficiente para que os pedaços menores passem com segurança pelo ureter, estas pinças (Baskets ou pinças de Dormia) serão utilizadas para permitir a remoção completas dos fragmentos.
Além de ser indicada para o tratamento dos cálculos de ureter superior (porção mais alta do ureter), também é útil em cálculos renais. Alguns pacientes que possuem variações anatômicas do trato urinário serão muito beneficiados, como por exemplo: rins pélvicos, rim em ferradura, ureter retrocaval, duplicidade pieloureteral, derivações urinárias, além de pacientes pós transplante renal.
Os resultados de tanta tecnologia empregada são pacientes com uma recuperação muito rápida, pouco dolorosa, com retorno precoce às atividades laborativas, sem cortes e livre das pedras.
Além do tratamento de cálculos do trato urinário, a ureteroscopia flexível é muito útil na investigação de tumores do revestimento do ureter e do rim, avaliação de sangramentos urinários, ou para avaliação de obstruções ureterais.
A maioria das intervenções são realizadas sob anestesia geral, ainda que, eventualmente, possam ser feitas sob sedação ou anestesia raquidiana. O paciente acorda após o procedimento ainda na sala de cirurgia e, na maioria das vezes, tem alta hospitalar no mesmo dia do procedimento.
A recuperação plena leva em média 7-10 dias, dependendo do tamanho do cálculo, do tempo cirúrgico e da sensibilidade do paciente à dor. Após este período, o paciente estará apto a retomar suas atividades normalmente. O paciente pode sentir algum desconforto no momento de urinar enquanto estiver com o cateter duplo J, mas isto não impossibilita a maioria das atividades.
A alimentação imediatamente após a cirurgia não possui restrições. A ingesta de líquido no período pós operatório deve ser regular e incentivada, especialmente água. A principal orientação ao paciente fica no cuidado a médio e longo prazo. O paciente que apresenta cálculos de vias urinárias deve sempre tomar bastante liquido e diminuir o consumo de sal nos alimentos. A restrição no consumo de derivados de leite ou produtos contendo cálcio não precisa ser feita. Assim, recomenda-se o consumo de cálcio entre 1.000 e 1.200 mg/dia, um consumo de água para um volume urinário de >2,5 L/dia, evitar o excesso de sódio (não mais que 2g/dia) e de proteínas de origem animal.
Quando o cálculo é muito grande ou ocorre restrição ao uso do ureteroscópio flexível, algumas opções podem ser utilizadas. Leia mais sobre mini-nefrolitotripsia percutânea no post.
Referências
1 – Urolithiasis. Guideline da Sociedade Européia de Urologia. Acesso em uroweb.org/guidelines/urolithiasis/chapter/guidelines
2 – Alan W. Partin; Alan J. Wein; Louis R. Kavoussi; Craig A. Peters. Campbell-Walsh Urology 11th Edition. Elsevier, 2016
Tratamento anterior
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